terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Do Febo à Anarquia

Sou o amador das dores sanadas
Das flores e peles morenas
Sou amante das moças que escrevem
Sem toque nem nada, em letras verdes e douradas

Sou amante das coisas simples
Do cheiro da chuva, do som das águas

Se no dilúvio mostrar-me "Cazuza"
Tome-me o exagerado em teus momentos calmos

E se te afogardes com música
Te ofereço um enlevo de vozes e poemas, para te afogares em palavras

Ser amante é ser a nota que te toca
O ouvido que te enxerga a medula
A boca que te beija a estrutura
A alma, a pele, a jura.

Estar amante é tocar sem sentir;
Solfejar sem ouvir;
Ver apenas as mímicas, os gestos;
Cheirar o vento que te toca as faces;
Viver por um momento, como se o mundo não girasse...

Mas o platônico é comer alfaces de enfeite
Morrer em rios de deleite
É amar a rua da amargura

É recomeçar o infinito num ímpeto
É não reconhecer-se num limbo
É dançar os barulhos caóticos

Seríamos mais profissionais das alturas?
E desejaríamos mais cores que auguras?
Seriamos como os cisnes cinzentos, Os queijos bolorentos, as peles escuras?

Sonharíamos sem utopias?
Viveríamos na espera de maravilhas?
Lutaríamos a favor dessas peles e cisnes, se nossa psique carecesse de mais logias?

Mas mergulhar em ti é anarquia
É bagunça de menino em cama
É sugar-te na idéia e brigar de travesseiro
Fazer de ti amante
NAS LETRAS
NA VIDA.

Música, poema, canto, palavras soltas, rimas, vozes, acordes
Atar e embaralhar
Perceber que existe na vida, nas letras
Palavras e vivências unas, em vidas duas.




Por: Adriano Sargaço e Ludmila Patriota

(Numa composição, sem lombras e laricas, principiada de uma idéia e deixa de Adriaço) ;)

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Sorrisos

Tem os de alegria, os de felicidade, os de sagacidade, os de maldade, os de zombaria, os sem graça, os amarelos, os de lado, os inconstantes, os brilhosos, brancos, perfeitos, os opacos, vazios, feios, os momentâneos, os intencionais, os espontâneos. Há ainda os desentendidos, vivos, largos, pequenos, grandes, duradouros, estridentes, entredentes...

É sorrindo que se entende a vida!

Um mar num grão

Ouvir o tilintar dos garfos nos pratos com toda a minunciosidade;
Enxergar os detalhes do desenho que o seu irmão mais novo acabou de te mostrar ;
Ver para além das pinturas;
Se olhar no espelho todas as manhãs;
Sentir a areia;
Se sujar de chocolate;
Sorrir com bobagens;
Fotografar a espinha do próprio nariz ;
Colher a flor do próprio jardim;
Admirar sua própria casa;
Dizer aquelas coisas mínimas, mas que deixam as pessoas felizes;
Dançar pela sala;
Dizer bom-dia a quem não conhece;
Se empanturrar de doces;
Chorar de alegria;
Compor coisas meramente banais;
Sentir o cheiro da chuva;
Imaginar a ilustração do livro que se lê;
Cantarolar no chuveiro;
Falar bobagens ao telefone;
Sentir saudades da pessoa que está ao seu lado, ou dentro de você;
Conversar com seu travesseiro;
Ver a lua do ângulo da janela do seu quarto;
Escutar música um dia inteiro;
Ler um dia inteiro;
Ficar de pernas pro ar um dia inteiro;
Suar, depois de ter pulado 12454798965236654 vezes só por ter acontecido algo de bom hoje;
Mandar uma mensagem, só perguntando como estão as pessoas;
Fazer gororobas e comê-las com todo o ardor, assistindo filme, sozinha;
Reviver aqueles velhos diários;
Reler aquelas velhas cartas;
Sonhar acordada;
Sambar as músicas romanescas;
Chorar com os filmes de comédia;
Se encantar com os de terror;
Fascinar-se pelos lugares, coisas, pessoas, paisagens, cores, flores, cd's, livros, o som do violão, da voz, do cantar dos pássaros, do solfejar das notas, dos sorrisos largos...