quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Um mar num grão

Ouvir o tilintar dos garfos nos pratos com toda a minunciosidade;
Enxergar os detalhes do desenho que o seu irmão mais novo acabou de te mostrar ;
Ver para além das pinturas;
Se olhar no espelho todas as manhãs;
Sentir a areia;
Se sujar de chocolate;
Sorrir com bobagens;
Fotografar a espinha do próprio nariz ;
Colher a flor do próprio jardim;
Admirar sua própria casa;
Dizer aquelas coisas mínimas, mas que deixam as pessoas felizes;
Dançar pela sala;
Dizer bom-dia a quem não conhece;
Se empanturrar de doces;
Chorar de alegria;
Compor coisas meramente banais;
Sentir o cheiro da chuva;
Imaginar a ilustração do livro que se lê;
Cantarolar no chuveiro;
Falar bobagens ao telefone;
Sentir saudades da pessoa que está ao seu lado, ou dentro de você;
Conversar com seu travesseiro;
Ver a lua do ângulo da janela do seu quarto;
Escutar música um dia inteiro;
Ler um dia inteiro;
Ficar de pernas pro ar um dia inteiro;
Suar, depois de ter pulado 12454798965236654 vezes só por ter acontecido algo de bom hoje;
Mandar uma mensagem, só perguntando como estão as pessoas;
Fazer gororobas e comê-las com todo o ardor, assistindo filme, sozinha;
Reviver aqueles velhos diários;
Reler aquelas velhas cartas;
Sonhar acordada;
Sambar as músicas romanescas;
Chorar com os filmes de comédia;
Se encantar com os de terror;
Fascinar-se pelos lugares, coisas, pessoas, paisagens, cores, flores, cd's, livros, o som do violão, da voz, do cantar dos pássaros, do solfejar das notas, dos sorrisos largos...

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