- Quero-te porque não posso tê-lo. Se o pudesse não quereria. Quero-te apenas para um completar de alma e todos os teus sentidos direcionados a mim, apenas. Se já tiveste tudo isso pra me oferecer na bandeja, eu a atiraria janela abaixo. Não quero nada de mãos beijadas. Sim, quero as minhas mãos beijadas e os meus pés também, obrigada. Quero-te só porque não podes ou não queres me dar o que quero. Talvez guarde tudo isso para outra. Talvez. Tal avidez de alma. Talvez. Talvez jorre de uma vez. Talvez. Mas isso também desperta um meu masoquismo, não pense que cadencio em lágrimas. Vai, segue esse teu caminho torto, segue, fui eu quem o pus aí. Não penses que foste tu quem escolheu esse nosso caminho, fui eu. Não percebias que eu gostava quando não demonstravas? Nunca demonstraste, e eu gostava. Não é porque era egoísta o que eu sentia, é porque não o era que eu agia assim. E continua não o sendo, portanto siga. Eu gosto, mesmo não me sentindo plena. Mesmo sabendo que minh’alma não é pequena e mesmo assim achando que nada, nada vale a pena.
Sigo, porque também te quero longe assim, minha pequena
Longe de mim não te sinto pena
Se me queres longe assim, eu aqui ficarei
Mas não me guardarei pra ti, oh, não me guardarei
Se faço o que faço é porque tu gostas, pequena
Se rimo assim em linhas tortas é porque não gostas de poema
E sei que gostas quando faço tudo que não gostas
Por isso te gosto
Meu peito só assim palpita
Te quero assim, minha pepita
Sabemos que temos um ao outro e continuamos a não nos querer,
Ou será que queremos tanto que não seria bastante o ter?
Não fique aflita
Isso é bom, acredita.
E vivem os dois no seu amor “não egoísta”, que não há ninguém que não duvide que exista, rangendo dentes e cheirando a preguiça.
sábado, 31 de outubro de 2009
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Não é meu
Não era meu aquele tremor, nem aquela alegria que por ora dá vontade de prometer o que pensa que se pode cumprir. Nem é minha a raiva de desejar sumir. Pensei que era minha aquela bondade, aquela vontade que me deixava inerte. Não me pertence aquele sorriso, nem aquelas longas lágrimas. Aquelas horas não eram minhas, nem aqueles gestos e pensamentos. Tudo que me permeava não era meu. Aqueles braços, abraços. Não era minha a disritmia do meu próprio peito. Sabe-se lá de quem são essas coisas. Elas desaparecem e a gente nunca sabe quando voltam. Se vão embora sem se despedir, se não voltam quando a gente pede, se a gente manda embora e elas não vão, se a gente quer de volta e elas não vêm, se não posso tangê-las, raptá-las, controlá-las, não são minhas essas minhas coisas. E essas mesmas coisas que também não são do outro, como posso querer que sejam minhas, pois?
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