terça-feira, 27 de outubro de 2009

Não é meu

Não era meu aquele tremor, nem aquela alegria que por ora dá vontade de prometer o que pensa que se pode cumprir. Nem é minha a raiva de desejar sumir. Pensei que era minha aquela bondade, aquela vontade que me deixava inerte. Não me pertence aquele sorriso, nem aquelas longas lágrimas. Aquelas horas não eram minhas, nem aqueles gestos e pensamentos. Tudo que me permeava não era meu. Aqueles braços, abraços. Não era minha a disritmia do meu próprio peito. Sabe-se lá de quem são essas coisas. Elas desaparecem e a gente nunca sabe quando voltam. Se vão embora sem se despedir, se não voltam quando a gente pede, se a gente manda embora e elas não vão, se a gente quer de volta e elas não vêm, se não posso tangê-las, raptá-las, controlá-las, não são minhas essas minhas coisas. E essas mesmas coisas que também não são do outro, como posso querer que sejam minhas, pois?