sábado, 14 de agosto de 2010

Fim

A expulsão é mesmo coisa muito violenta, entendo quem quer tratar com carinho a quem tanto quer bem.
Entendo quem abre a porta de si e deixa-a aberta, mas não a convida a entrar, não oferece um café, não pede pra que sente. Entendo quem te deixa desconfortável em uma sala cheia de fotos inexplicáveis, e mesmo te percebendo se perguntando sobre elas, te olha (nunca nos olhos) como quem não quer responder a essas perguntas.
Há quem sentaria no sofá, abriria a geladeira, falaria alto, colocaria os pés no centro, perguntaria sobre as fotos num risinho maroto.
Eu sou quem tiro os sapatos na porta pra não sujar o carpete, quem entende o clima e quem sai, mesmo sentindo muito, mesmo que com interrogações.
Nem todo mundo terá sempre palavras concretas pra os seus ouvidos. Essa concretude da qual precisamos é mesmo muito inconcreta. Tentar várias vezes e saber-se não idiota é diferente de o ser, é diferente de sentar e não se perceber inconveniente. É querer e tentar mostrar sua concretude mínima ao outro, é calçar os sapatos, encostar a porta, ir embora e ligar quando chegar em casa, pra ir sentindo sempre mais o fim. Porque chega. Cedo ou tarde, com mais ou menos dor.

2 comentários:

Janz disse...

Só pra constar que agora também tenho um blog!
eeeewwwwwww!
hueheuhu
;)
Como sempre, belo texto!

Gabriela disse...

Lud, nao conhecia seu blog...
mas a forma como vc se expressa me faz parecer q vc é como um flor daquelas de pétalas bem grandes, vermelhas e generosas, e nas bordas ficando preta. Nos teus textos tem beleza, sensibilidade e tristeza, fatalidade.