terça-feira, 31 de março de 2009

Cantata

Barulho de chuva, respiração perto, aragem que se aninha entre as faces, barba e franja nos rostos, sombras e sussurros e sorrisos e cheiros e perfume de pele, mão que tateia, sobe e desce de nenhum som, vai e volta de nada. Paira tudo e alguma coisa mais, turbilham pensamentos, pele que não é casaco, envolve e não é lençol. Gosto de café e de beijo. Beijo da noite, madrugada e manhã. E não há o que procurar e o que entender. A fumarada do tabaco que leve qualquer espécime de incerteza e medo. As paredes, o teto e o escuro que desgastem o sorriso tímido e o excessivo pudor. Que a boca não pergunte se deve, que o coração não acerte se é paixão de “borboletas no estômago”, que o acaso tome conta e que ninguém saiba, só eu ou só nós, ou ninguém. É como falar de um duo para si e não existir palavra que conceitue esse falar. Se pra um é como borboletearem suas vísceras, pra outro talvez seja como zabumbarem o seu peito, e sua boca se encher de sorrisos parvos e seu corpo desmanchar-se em gestos tímidos.

(Domingo, 01 de março de 2009 15:30)

Nenhum comentário: